A vida está começando a voltar ao normal. A quarta-feira de cinzas de 2009 começou como começaram as dos 15 anos anteriores: Com uma ressaca monstruosa. A dor de cabeça era daquelas em que você dá uma topada com o dedão de propósito, só pra ver se uma dor faz você esquecer a outra. Além dos sintomas clássicos, pela ordem: A audição mais apurada, que faz com que um mero estalar de dedos pareça a decolagem de um 737; Um enjôo que faz você pensar que vai vomitar a si próprio e se virar do avesso; e o toque final, aquela estranha sensação de que você vive numa casa de cômodos giratórios.
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Um dia ainda vou receber um telefonema dos fabricantes do Engov querendo ser meus patrocinadores oficiais, num contrato vitalício, similar ao que a Nike tem com o Ronaldinho. E olha que eu só bebi Boemia, a única cerveja recomendada pelo meu novo cardiologista (O meu médico anterior, o doutor Piedade, mudou de consultório sem me deixar o novo endereço. Espero que eu não o tenha feito largar a profissão).
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O carnaval foi dos melhores. Quem me conhece sabe que eu sou muito mais de escola de samba do que de bloco. O público das escolas me é mais afim. Diferente do que se vê nos blocos (principalmente os da zona sul do Rio), o pessoal das escolas bebe porque aprecia o que está bebendo, e não para justificar as besteiras que vai fazer depois, como brigar ou dirigir brincando de fazer boliche humano. Além disso, quem vai para o samba arruma mulher, mas sem o desespero da playboyzada dos blocos, que só falta agredir as garotas para conseguir atenção.
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O carnaval foi quase perfeito. Ele começou na sexta-feira, com o desfile das escolas de samba mirins, na Sapucaí. As escolas mirins são como as divisões de base das escolas de samba, onde elas apresentam seus futuros passistas, ritmistas, intérpretes e casais de mestre-sala e porta-bandeira. Todos os integrantes são crianças e adolescentes, dos 5 aos 17 anos.
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O sábado foi do Cordão da Bola Preta, que desfila no Centro do Rio, e do desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso A na Sapucaí, à noite. Infelizmente, ainda houve tempo para ir ao Maracanã na parte da tarde e ver o Flamengo ser eliminado pelo Resende na semifinal da Taça Guanabara. Como eu disse, o carnaval foi quase perfeito.
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Domingo e Segunda, foi a vez dos blocos clássicos do subúrbio do Rio de Janeiro. Eles são os nossos grandes celeiros de bambas, como O Boêmios de Irajá, o Bafo da Onça e o internacional Cacique de Ramos, que já nos deu feras como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e a rapaziada do Fundo de Quintal, entre outros.
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Já na Terça, fomos com as modestas, mas aguerridas, escolas de samba do terceiro grupo (o acesso B). A família inteira desfilou na Lins Imperial, onde temos grandes amigos. E, na quarta-feira, só restou superar a ressaca e ir trabalhar depois do meio-dia, com um olho no trabalho e outro na apuração, onde deu Salgueiro, merecidamente. Tristeza somente pela descida do Império Serrano. E eu ainda nem tinha superado o problema com o Flamengo no sábado.
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Em todas as atividades, eu pude contar com a companhia dos amigos e da patroa, que está sempre presente nessas atividades. Eu sei que ela também curte, mas ela também aproveita para dar uma discreta supervisionada no Ogro aqui, pensando que eu não percebo. Ainda me dei ao luxo de arrumar tempo para algumas atividades um pouco menos carnavalescas, como preparar alguns momentos românticos para a patroa, mas desses eu não preciso dar detalhes.
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No mais, é voltar para a realidade. Mas com o ingresso comprado para o desfile das campeãs.
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