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Lá vou eu nesse domingo, fazer mais uma tentativa de direcionar essa alma corrompida para o caminho da luz. Depois de algumas esquivadas aqui e ali, eu sei que não vai dar pra escapar, a patroa já bateu o pé e decretou que vamos à missa, doa a quem doer.
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Notem bem, eu não tenho nada contra quem freqüenta, mas ir à Igreja, pelo menos aqui na minha vizinhança, é um dos programas dos mais indigestos. A começar pelo pároco, o padre Joubert, que me conhece desde moleque e, apesar disso (ou exatamente por isso), me detesta. Acho que ele só não pede a minha excomunhão por causa do restante da minha família, bastante carola. Principalmente a minha avó (sim, eu ainda tenho avó viva, já na casa dos oitenta), contribuinte regular das obras sociais da paróquia e respeitadíssima em toda a comunidade. Provavelmente ela vai ser meu pistolão quando eu morrer e for barrado na porta do céu. Vou ter que pedir pra chamá-la no alto-falante na hora em que o anjo da portaria não quiser me deixar entrar.
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Reconheço que o religioso tem lá suas razões para não ir muito com a minha cara. Ele ainda deve ter fresco na memória todo o repertório de traquinagens que me quase me fez ser expulso das aulas de catecismo, como as brigas com os coleguinhas, as fugas das aulas para jogar futebol ou as caricaturas das professoras. Cheguei até a ser suspenso de algumas aulas, punição que é bastante comum nos colégios, mas que eu nunca tinha visto ser aplicada num curso de catequese. Deve ser algo inédito em mais de dois mil anos de cristianismo.
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Na minha adolescência, durante o curso de crisma, o relacionamento com o padre azedou ainda mais por conta de minhas investidas amorosas sobre algumas menininhas da paróquia. Com direito ao desencaminhamento comprovado de algumas vocações religiosas aparentemente promissoras. Incluindo a própria patroa, que considerava fortemente a idéia de ir para um convento antes de me conhecer.
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Meu conceito junto ao Padre Joubert não melhorou nem depois que eu virei burro velho e casei. Acho que ele deve ter percebido que, em algumas missas, eu ouvia jogos de futebol pelo walkman. Isso não costumava render maiores problemas, à exceção de umas duas ou três ocasiões em que quase xinguei o juiz ou comemorei o gol, o que me rendeu certeiras cotoveladas no baço, aplicadas pela patroa com precisão.
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O fato é que eu realmente me esforço, mas ainda me sinto um peixe bastante fora d’água em cerimônias religiosas. Eu acredito em Deus e costumo rezar, não sou um cara ateu, mas me incomoda bastante a insistência de algumas instituições religiosas em permanecer agarradas a idéias preconceituosas e ultrapassadas, como faz a maioria das denominações cristãs. Só tento comparecer com alguma regularidade porque sei que isso é do agrado de algumas pessoas muito queridas, principalmente minha mãe e minha avó.
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De qualquer forma, eu procuro fazer minhas orações em casa e peço, antecipadamente, compreensão divina para qualquer gafe que eu venha a cometer na Igreja. E procuro ir às missas da manhã, em horários que não coincidem com o futebol. Sabe como é, só pra garantir.
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15 comentários:
Agrada pessoas queridas como sua vó, sua mãe e obviamente, a patroa!
Enfim, missa tb não é comigo e em breve serei madrinha de casamento...
Ah, hj minha mãe falou q ia me casar com um padre, mas q eu ia ser expulsa do céu mesmo assim. Claro q eu disse: "eu serei e se me casar com ele, ele tb será, faço questão" rs...
Vai vendo!
p.s: é, já aprontei mto em igreja tb! ;)
Eu sou espírita kardecista. Foi a religião que mais me explicou a vida de forma que eu pudesse aceitá-la. Acreditar na reencarnação foi essencial pra que eu bloqueasse um processo de autodestruição em uma fase da minha vida. Se a reeencarnação não existir pelo menos me fez uma pessoa melhor acreditar nela... rs
Igreja católica e as religiões evangélicas foram as que mais tive aversão, exatamente pela hipocrisia que reina nelas... E odeio hipocrisia.
To doida pra receber seu email! Manda, manda, manda... eheheh
Beijocas
hiuahuiahaaa, quem q nunca quase foi expulso da igreja uma ou duas vezes né...
Mas pense q nao é só sua vó q será sua intercessora, sua mae e a patroa podem ser testemunhas da defesa...
hauahuahauhauahauhau
nunca ouvi falar em expulsão das aulaas de catequese.
pelamor
eu não sou católica, sou presbiteriana e freqüentava a escola dominical e ia só pra tomar o suquinho de uva que eles serviam na hora do lanche e comer a massinha de modelar, que era feita de farinha, sal e água. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
será que vou pro céu?
beijossss e estou rezando desse lado daqui pra vc se dar bem hoje.
bom domingo e que vença o tricolor paulista
Aposto que o padre não vai com a tua cara porque depois de tanta traquinagem você cresceu e se enfiou em alguma militância em Pastoral ou CEB. Diz aí, foi não?
Beijo!
Cara, eu sou do tipo que já andou por todo os caminhos das mais diversas religiões (só não ainda pela umbanda, mas quem sabe um dia...). Lendo teu post, lembrei de quando eu fazia catecismo e vivia saindo mais cedo das aulas pra assistir seriados no SBT...auhhauhuauhaa... sabe como é, nesse tempo era esperar pelos seriados na TV mesmo.
Mas hoje tenho saudades da minha inocência. Sei lá, vai ver teria sido bastante diferente se eu ainda fosse sempre à igreja com minha mãe. Vai saber né, coisas da vida...
Abraço!
- Marcel.
Missas tinham que ser mais rápidas.
Sou espírita e nào concordo com muita coisa do catolicismo...mas enfim, acho que independente da religião, o que importa é que vc acredita em Deus, faz suas orações....e se vc faz essas orações em casa com sinceridade acaba valendo muito mais do que a ida a igreja apenas pra ganhar aprovação da patroa! Acho que é isso que importa no final.
Desde que deixei oficialmente de ser católica, e eu fazia parte do grupo dos "não praticantes" não penso mais em religião, embora vez ou outra me dê vontade de ir em algum templo...
Eu não posso falar nada, fui praticamente expulso da Igreja por conta da militância na TL.
é foda.
aaaah, eu sabia!
;o)
kkkkkkkkkkk
Criannnnça faça isso nao, num gosta, num vai, deve ser horrivel "viver de aparencia", mas o texto é otimo!!!!Fiquei com inveja pois ja perdi uma de minhas avozinhas queridas, curta bastante viu?!Ela pode ti salvar de ser barrado pelo anjo rsrsrs
Super beijo -'
:D
Nossa, o nome do padre é tão legal *-* Quando eu escrever meu livro um dos personagens vai ter esse nome. Posso? Grato!
Eu nunca me simpatizei muito com a Igreja Católica, seus dogmas, sua história, quase tudo sempre me irritou ._.
Você ainda foi forte pra poder suportá-la KKK'
buenas suetes -q
Vai, seu herege. Olha a excomunhão, assim não tem vovó influente que te salve...
Se depender da minha avó como pistolão provavelmente não chego no portão.. que dirá na porta do céu.. rs Eu sou Católica e por mais estranho que possa parecer, sou "ajudante de catequista".. xD Ajudante pq não pretendo ser catequista (responsabilidade demais) e o não-título de prof aproxima meus monstrinhos adoráveis. Recebi o convite da minha prof de catequese no ano passado e depois de muito fugir e dizer que não tinha tempo, aceitei participar de uma aula. Desde abril, todo domingo, 8 da matina.. (horário ingrato!)lá estou eu pertubando a pirralhada.. hehe Me divirto com eles e sem falsa modéstia, eles me adoram! ;] As vezes rola alguns atritos com a catequista, minha ex-prof. (principalmente qdo mando alguma criança calar a boca no grito, rio de alguma piada deles ou confisco os celulares..)Pensamentos diferentes.. enfim.. Quanto a missa.. bom, o padre tb não vai muito com a minha cara, mas por motivos diferentes.. nunca fui de aprontar na Igreja.. meu problema é questionar demais e por vezes discutir com ele, por isso ando evitando missas e confesso que não tá fazendo muita falta...
Até!
=*
PS.:Tava lendo os últimos posts.. tem um tempo que não passo por aqui, uma das coisas boas de voltar a blogar é ler os blogs que acompanho.. ^^
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