25 de jul. de 2009

Consultório sentimental do Ogro: muito sexo para os principiantes, ou sexo para os muito principiantes

Sugiro que você leia as dicas um pouco antes de chegar aí
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Da Silva, meu velho, me socorre. Como eu posso para levar as mulheres ao delírio na cama?
(Garanhão preocupado – Roraima)
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Essa é a pergunta de um milhão de dólares. A primeira providência, que eu presumo que já tenha sido tomada, é descartar mulheres que se excitam com coisas que você não tem, como um abdômen sarado, carros de luxo ou grana. Reconheço que o conselho pode ser meio redundante. Afinal, se você não descartá-las, é bem provável que elas façam isso pra você.
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Isto posto, agora é hora pensar na criatura em quem você vai dar um trato. Em primeiro lugar, vou chover no molhado, dizendo para você se concentrar nas preliminares. Note que preliminares não são aquelas partidas de juvenis disputadas antes dos jogos da rodada. Falo das carícias preliminares, as carícias que vão esquentar o clima para a conjunção fodal propriamente dita. Se você tem dúvidas sobre no que consistem as carícias preliminares, pense em tudo que você fazia na adolescência com a sua namoradinha, com um olho na menina e outro no pai dela que podia chegar a qualquer momento. Claro que, como não passava disso, você nunca viu aquilo como preliminar de nada, a não ser de uma bronha frenética. Mas o esquema de mão naquilo e boca naquilo é mais ou menos ou mesmo, mas sem tanta urgência. E sem a preocupação de ver chegar o pai dela. Só tome cuidado, pois em alguns casos não vai chegar o pai, mas pode chegar um marido, com conseqüências ainda piores.
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Você também deve ficar atento aos sinais emitidos pela sua parceira, o que significa prestar atenção. Se necessário, desligando a TV, mesmo na hora da cobrança do pênalti. Não vai ser difícil identificar, pelas reações dela, as regiões preferidas para o toque e o ritmo ideal para qualquer carícia, seja com a mão, com a boca, com os tornozelos ou sabe-se lá que parte do corpo mais a situação vai pedir. Além é claro de dosar a mistura entre tapas e beijos, algo cujo o ponto de equilíbrio ela também sinaliza facilmente.
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No mais, é dedicar-se à ação propriamente dita, onde sua parceira só precisa de duas coisas pra gozar: Tempo e posição adequada. Sobre as posições, aliás, alguma variedade é bem vinda, mas você não precisa desfiar todo o Kama Sutra. Com seis ou sete posições básicas dá pra ter um resultado satisfatório sem ninguém se ferir. Deixando ela ficar por cima, é gozo quase garantido.
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Cessados os trabalhos, é de bom tom ficar acordado o suficiente para dois dedos de prosa. Quando a sujeita se transformar numa foda regular, vocês já terão intimidade o suficiente para ela entender que virar para o lado e dormir, uma vez ou outra, não é crime hediondo nem inafiançável.
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Em relacionamentos estáveis, alguma conversa já funciona para fazer qualquer ajuste que seja necessário. No mais, lembre-se que, se uma mulher já está pelada com você num quarto, é sinal de que a etapa mais difícil você já venceu: Você a convenceu a ir até lá.
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Ogro também chora
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Citei aqui, numa postagem anterior, uma série de responsáveis pelos domingos felizes da minha infância. A lista era encabeçada pelo Zico e os muitos craques que desfilaram com a camisa do Flamengo ao longo da década de 80. Pois bem, é com tristeza que registro que um desses craques nos deixou esta semana.
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Morreu nesta sexta-feira o goleiro Zé Carlos, o Zé Grandão, titular do time que venceu o Brasileiro de 87 e a Copa do Brasil de 90, além de vencedor de três campeonatos cariocas, todos pelo Mengão. Como diz o Muhlenberg, do blog do Flamengo na Globo.com, um minuto de silêncio e dez minutos de palmas para o Zé Grandão.
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19 de jul. de 2009

Menopausa transviada

Roberto Carlos na década de 60. De 1860.
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Sei que a minha opinião é polêmica, já estou até preparado para ouvir uma esculhambação. Mas Nelson Rodrigues já disse que toda a unanimidade é burra. Assim, eu tenho que admitir que ao contrário da imensa maioria da galera com quem eu convivo, dentro e fora da web, não consegui compartilhar de toda essa emoção do show do Roberto Carlos no Maracanã.
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Pra começo de conversa, eu não gosto de shows no Maracanã. Aquilo ainda é um estádio de futebol e o que esses shows fazem com a grama deveria ser punido pela lei de crimes ambientais. Quem assistiu ao Flamengo x Palmeiras da quarta-feira seguinte, disputado em um estranho gramado quadriculado e colorido, vai entender o que eu estou dizendo.
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Sem falar que poucas coisas podem ser tão ridículas quanto a tietagem descontrolada. Eu sempre olhei com absoluta desconfiança qualquer coisa que atraia um bando de adolescentes gritando e chorando, sejam boy bands ou a seleção de vôlei do Bernardinho. Só Deus sabe o que eu passei quando tive que levar minha sobrinha ao show daquela banda de irmãos de cabelinho engomado fabricada pela Disney (Jonas Brothers, eu acho). E, convenhamos, uma coisa que já fica ridícula com adolescentes, não vai ficar melhor com as avós delas. O show do Maracanã foi uma verdadeira celebração da menopausa, com direito a hordas de senhoras sexagenárias com os hormônios fora de controle.
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Isso tudo pra não falar do artista em si. Eu acho que nunca dividi isso com vocês, mas o Roberto Carlos morreu para mim no dia 21 de Abril de 2007. A data, inesquecível, foi quando eu assisti aquele documentário sobre o Cartola, Música para os olhos. A certa altura do filme, o grande gênio que era o Cartola revela, todo humilde, que gostaria que um dia o Roberto Carlos gravasse uma música sua. O pedido nunca foi atendido. Mas o pior veio depois.
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A razão para a negativa, revelada no mesmo filme, foi tão escrota que me deu vontade de arrancar a tal perna mecânica do Roberto e bater nele com ela. A música que a gravadora guardou para o RC gravar seria a imortal As Rosas não falam, que talvez seja a mais linda do Cartola. Roberto Carlos recusou a idéia de gravar a música alegando uma ridícula questão de princípios, pois pra ele as rosas falam, sim. O que eu sei é que se as rosas falassem mesmo, as roseiras que a patroa rega aqui em casa teriam mandado ele ir à merda.
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Por essas e outras eu deixei o Robertão de lado, com o perdão da Cruela, que, apesar de ser fanzoca do Rei conta com o meu amor incondicional.
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12 de jul. de 2009

Resolvendo dois problemas

Essa aí achou uma roupa que não lhe engorda
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_ Amor, pede pra ela trazer a blusa cáqui.
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Nem precisei me mexer. A própria vendedora ouviu o pedido e foi levar a tal blusa até o provador. Ainda bem, porque eu nem desconfio o que seja cáqui, assim como eu não faço a menor a idéia de que cores sejam marfim, champagne, mostarda, salmão, pêssego, cobre e todas essas cores modernosas que só existem em cabeça de estilista. Cores, pra mim, são aquelas que eu aprendi no colégio como cores primárias e secundárias. Sabe como é, azul, verde, amarelo, vermelho... essas cores ultrapassadas.
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E o pior de sair pra comprar roupa com a patroa nem é aturar essas cores alienígenas. O problema é que tudo tem que ser experimentado, tem que combinar com as peças de roupa que ela já tenha ou pior: não pode engordá-la. Com os micromanequins de hoje em dia e, depois de alguns anos de casado, a tendência natural é que roupas que não nos engordem sejam uma espécie em extinção. Ora, existe um enorme ramo da economia que vive de vender coisas que prometem emagrecer as mulheres. Logo, eles precisam que a mulher se sinta gorda. Se as mulheres não engordarem, eles diminuem a roupa, mas vai explicar isso pra qualquer uma delas. Mesmo que ela seja esclarecida e pós-graduada, como a minha.
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A última peça de roupa que eu levei pra casa, uma camisa do Flamengo, nem precisou ser experimentada. Levei cinco minutos entre escolher e pagar e só me dirigi ao vendedor pra perguntar quanto era e se tinha GG. Nessa compra com a patroa, eu parei de cronometrar quando chegou a quarenta minutos, dois minutos depois de ela recusar uma blusa dizendo pra vendedora que a peça estava “sei lá, meio sem vida”. Claro que estava sem vida, era uma blusa, não um peixe ornamental. Só vejo gente recusar produtos com esse argumento em floriculturas. Ou em pet-shops.
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Outra coisa que me impressionou foi o quanto essas redes de moda feminina estão de bobeira ao não pensarem em nenhuma distração para o bando de maridos carrancudos amontoados no canto da loja. Visivelmente entediados, eles tinham como passatempo olhar para as bundas das vendedoras. Sem muito entusiasmo, já que a maioria era de senhoras de meia-idade, sem a firmeza nadegal de outrora. Podiam botar um Playstation pro pessoal jogar um GTA, ou, sei lá, uma TV passando os gols da rodada. Ou uma mesa de sinuca.
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Podiam também vender roupa pra mulheres em botequins, aí estariam resolvidos dois problemas de uma vez. Os maridos não reclamariam da demora nas compras e as mulheres não reclamariam do mau humor dos maridos. O problema seria a rapaziada comprando roupa para a mulher de segunda a segunda.
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4 de jul. de 2009

Domingos de ontem e hoje

Esses aí acabam com qualquer domingo...
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Quem olha pra mim hoje em dia, talvez não acredite. Afinal eu tenho medidas de ogro literalmente, com a altura e força que fazem qualquer um pensar duas vezes antes de me falar algum desaforo. Eu fazia até um razoável sucesso com a mulherada antes de a minha barriga prosperar e do meu cabelo começar a mostrar tendências suicidas. Mas o fato é que eu não nasci desse tamanho. Sim, eu já fui um pirralho, um moleque (dos mais endiabrados, por sinal) na distante década de 80.
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Naquela época, o domingo era, disparado, o melhor dia da semana, ou pelo menos o mais divertido. Em grande parte por conta de seis pessoas, que faziam o meu domingo televisivo interessante o suficiente para deixar a bola de lado ou desligar o meu Atari (Atari? Pô, Da Silva, tu é velho, hein!). Qualquer um que tenha sido criança no subúrbio do Rio de Janeiro, nos anos oitenta, vai se lembrar dessas seis pessoas com facilidade.
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Pela ordem em que se apresentavam, o primeiro responsável pelos grandes domingos da minha infância atendia por Arthur Antunes Coimbra. Ou simplesmente Zico, o Galinho de Quintino. Os jogos do Flamengo eram o espetáculo por excelência da tarde de domingo com o Galinho e seus companheiros jogando o fino. Prato cheio para quem gostasse de futebol, independente de que time para qual o telespectador torcesse.
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Um pouco depois, às sete da noite, era de lei sentar com a família inteira para ver os Trapalhões. Criativo, inteligente e iconoclasta até a medula, era uma ótima pedida de diversão levinha, não só para as crianças. Por sinal, eu tenho pena das crianças mais novas, que só conhecem o Renato Aragão através desse substrato desidratado de pó de fezes que é a “Turma do Didi”. Impressionante como um sujeito consegue escarrar tanto em cima da própria biografia. Melhor fizeram o Mussum e o Zacarias, que não viveram pra tomar parte disso.
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Como os Trapalhões eram quatro, só restou um grande fornecedor de domingos felizes da minha molequice. E ele morreu nesses dias. Se você que está lendo isso agora só tem vinte anos, provavelmente não vai entender porque tanta celeuma em torno da morte desse sujeito sem nariz, de cara ossuda e incolor sobre o qual recaem acusações de pedofilia. Mas, acredite, Michael Jackson era um artista absolutamente fuderoso e fez a festa no domingo televisivo durante muito tempo.
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Praticamente todos os programas de auditório tinham concursos de covers do cantor, sem falar nos videoclipes que sempre estreavam em rede nacional no Fantástico, com audiências comparáveis a finais de Copa ou último capítulo de novela. Se você, amiguinha adolescente que lê o Ogro Online sem a sua mãe saber, acha que essas boy bands que você gosta fazem sucesso, você não sabe o que é fazer sucesso. O álbum Thriller vendeu porrilhões de cópias e os meios de comunicação inundavam nossas casas de Michael Jackson o dia inteiro. E ninguém enjoava! A molecada se arvorava em fazer aquele bendito moonwalk com o mesmo empenho que imita o penteado do Ronaldinho ou usa lancheiras desses heróis de desenho japonês. Michael Jackson foi uma pandemia muito maior que a gripe suína. E muito mais sadia.
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Me peguei pensando nisso, depois do último domingo na casa da sogra, enchendo o bucho de macarrão e assistindo ao Raul Gil. Nossa, os domingos pioraram muito.
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