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Dessa, não deu pra escapar. Já estava eu rascunhando uma pequena lista de compras (pequena mesmo, só tinha cerveja e uma peça de carne) com os itens necessários pra queimar uma carne no meu grill genérico (pela pechincha que custou, deve ser do Maguila, não do George Foreman), quando a patroa apitou e parou a jogada. Sutilmente, eu fui lembrado de uma promessa, feita alguns dias atrás, de dar uma faxina no quarto do computador, uma espécie de escritório que mantemos aqui no cafofo.
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Eu não faço o gênero maridão sentado na poltrona com o pé em cima do móvel assistindo o futebol esperando a mulher trazer mais uma cerveja, longe disso. Costumo dar uma mão boa na hora de botar ordem no pântano, chegando até a contribuir com meus talentos na cozinha, bem acima da média masculina. Tudo bem que minha especialidade é comida de Ogro: Rabada, Feijoada, Churrasco e por aí vai. Não sei fazer nenhum foie Grass com Sauté de Alcachofras, mas fome eu não passo.
Eu não faço o gênero maridão sentado na poltrona com o pé em cima do móvel assistindo o futebol esperando a mulher trazer mais uma cerveja, longe disso. Costumo dar uma mão boa na hora de botar ordem no pântano, chegando até a contribuir com meus talentos na cozinha, bem acima da média masculina. Tudo bem que minha especialidade é comida de Ogro: Rabada, Feijoada, Churrasco e por aí vai. Não sei fazer nenhum foie Grass com Sauté de Alcachofras, mas fome eu não passo.
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Eu não me incomodo de ajudar com tarefas domésticas, mas eu e a patroa temos uma sensível diferença no grau de tolerância com a bagunça, o que leva nos leva a algumas DRs que, embora sejam devidamente contornadas, enchem o saco. Tanto eu quanto ela achamos que não se deve deixar casa bagunçada, o único problema é o que cada um entende como sendo uma casa bagunçada.
Eu não me incomodo de ajudar com tarefas domésticas, mas eu e a patroa temos uma sensível diferença no grau de tolerância com a bagunça, o que leva nos leva a algumas DRs que, embora sejam devidamente contornadas, enchem o saco. Tanto eu quanto ela achamos que não se deve deixar casa bagunçada, o único problema é o que cada um entende como sendo uma casa bagunçada.
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Ela não gosta de ver coisas espalhadas pela casa, principalmente aquelas que eu sou especialista em deixar por aí, como livros, jornais e materiais da faculdade. Pra mim, bem, a casa só vai estar bagunçada quando as coisas espalhadas não me deixarem entrar.
Ela não gosta de ver coisas espalhadas pela casa, principalmente aquelas que eu sou especialista em deixar por aí, como livros, jornais e materiais da faculdade. Pra mim, bem, a casa só vai estar bagunçada quando as coisas espalhadas não me deixarem entrar.
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As negociações sobre o grau de bagunça tolerável continuam. Já aceitei guardar o material de estudo, mas o livro do Elio Gaspari que eu ainda não terminei de reler tem que ficar à mão. Ela é uma negociadora dura, mas a gente vai se entendendo.
As negociações sobre o grau de bagunça tolerável continuam. Já aceitei guardar o material de estudo, mas o livro do Elio Gaspari que eu ainda não terminei de reler tem que ficar à mão. Ela é uma negociadora dura, mas a gente vai se entendendo.
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Quer saber? Esses probleminhas por causa da arrumação da casa são fichinha. Coisas bobas. Como diz o meu pai, isso aí sai na urina. Nesse exato momento em que eu teclo aqui, o casal do apartamento de cima está brigando com troca de ofensas pesadas, acusações de infidelidade, palavrões e sons de objetos quebrando.
Quer saber? Esses probleminhas por causa da arrumação da casa são fichinha. Coisas bobas. Como diz o meu pai, isso aí sai na urina. Nesse exato momento em que eu teclo aqui, o casal do apartamento de cima está brigando com troca de ofensas pesadas, acusações de infidelidade, palavrões e sons de objetos quebrando.
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Sei não, acho que em algum momento, neguinho tem que perceber que tem alguma coisa errada com o relacionamento. Que fique bem claro, algum momento antes desse que eu estou ouvindo aqui em cima. Agora acabou de fazer um barulho parecido com o prato de uma bateria, talvez seja alguém jogando uma baixela, ou uma bandeja.
Sei não, acho que em algum momento, neguinho tem que perceber que tem alguma coisa errada com o relacionamento. Que fique bem claro, algum momento antes desse que eu estou ouvindo aqui em cima. Agora acabou de fazer um barulho parecido com o prato de uma bateria, talvez seja alguém jogando uma baixela, ou uma bandeja.
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Já ouvi dizer que muitos casais resolvem seus problemas no quarto. Não sei. Acho que pode ser uma boa mas, se não for no quarto, que ao menos seja na sala, onde não há tantos objetos quebradiços ou cortantes. Definitivamente, não se deve discutir a relação na cozinha. Pensem nisso enquanto eu ligo pro síndico. Ou pra polícia.
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