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Os que visitam o cafofo virtual há mais tempo sabem um pouco da minha trajetória de vida. Inclusive uma das suas passagens mais polêmicas, quando, contrariando a família inteira, abandonei uma faculdade de Direito quase no fim para ir fazer História. Não se pode dizer, entretanto, que o que eu aprendi da ciência jurídica não serviu de nada.
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No fim do ano passado, por exemplo, eu cortei um dobrado para tentar livrar meu primo mais novo de garras bem piores do que as da justiça: As da minha tia, mãe dele, que queria comer-lhe o fígado com farofa, depois dele ter feito uma senhora merda. Como primo mais velho e padrinho do infeliz, acabei tendo que interceder junto à minha tia para que não o jogasse aos abutres depois que o muquirana tomou um ferro maiúsculo no fim do ano letivo.
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No fim do ano passado, por exemplo, eu cortei um dobrado para tentar livrar meu primo mais novo de garras bem piores do que as da justiça: As da minha tia, mãe dele, que queria comer-lhe o fígado com farofa, depois dele ter feito uma senhora merda. Como primo mais velho e padrinho do infeliz, acabei tendo que interceder junto à minha tia para que não o jogasse aos abutres depois que o muquirana tomou um ferro maiúsculo no fim do ano letivo.
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Ninguém aqui está sugerindo que o moleque deva passar impune. O mínimo que se espera de um marmanjo de quinze anos que tem casa, comida e roupa lavada, e que tem o estudo como obrigação única é que ele tenha um desempenho escolar minimamente satisfatório. Eventuais dificuldades poderão até ser toleradas se o estudante demonstrar algum empenho. Evidentemente, não foi o caso dele.
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Por outro lado, eu tentei fazer minha tia ver que esse não era o fim do mundo. O réu nem era reincidente. Meu primo, até aquele ano, vinha tendo uma vida escolar organizada. Tudo bem que ele não ajudou muito seu advogado de defesa. Ele poderia, por exemplo, ter sido aprovado em alguma coisa além de Educação Física. E também podia ter ficado de boca fechada. Quando minha tia perguntou o que ele queria da vida, a resposta foi algo do tipo eu e uns amigos estamos aí com um projeto maneiro, vamos montar uma banda e... e minha tia não deixou nem ele terminar, já foi logo dando-lhe um tapão no pé da orelha. Mas, apesar de tudo, ele não é um mau garoto.
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Caralho, eu também já tive quinze anos. Com a idade dele, eu queria ser rapper. Ia dormir todas as noites sonhando que estava no banco de trás dum carrão conversível, com o som nas alturas, usando um cordão de ouro maciço com elos da grossura do meu punho. Parece que eu ainda posso ouvir os tapas que estou dando na bunda das gostosonas popozudas seminuas rebolando ao meu redor usando micro-shortinhos enquanto eu as molho com champanhe importado. Ah, bons tempos.
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(Nossa, as meninas que me acharam tão sensível com aquele post sobre o ponto G devem ter ficado horrorizadas. Mas dêem um desconto, pôxa, eu tinha quinze anos!).
(Nossa, as meninas que me acharam tão sensível com aquele post sobre o ponto G devem ter ficado horrorizadas. Mas dêem um desconto, pôxa, eu tinha quinze anos!).
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Mas o fato é que fazer algumas merdas faz parte do aprendizado. Não se aprende as diferentes conseqüências das atitudes certas e erradas se você não fizer um pouco de ambas. É só cuidar para que as erradas sejam menos freqüentes que as certas e que não prejudiquem seriamente a sua vida ou a de terceiros. No mais, é botar o garotão pra estudar mais ano que vem e estamos conversados.
Mas o fato é que fazer algumas merdas faz parte do aprendizado. Não se aprende as diferentes conseqüências das atitudes certas e erradas se você não fizer um pouco de ambas. É só cuidar para que as erradas sejam menos freqüentes que as certas e que não prejudiquem seriamente a sua vida ou a de terceiros. No mais, é botar o garotão pra estudar mais ano que vem e estamos conversados.
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E eu, decididamente fiz a escolha certa porque eu não nasci pra advogado, mesmo. Perdi a causa retumbantemente, já que meu cliente vai ficar um bom tempo sem saber o que é rua, balada, ou futebol. Se ele se comportar bem, a gente tenta passar ele prum regime semi-aberto, lá pro meio do ano.
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